Para Recordar

Histórias de Irupi

Peço a Deus neste momento,
Que me dê sabedoria.
Pois quero continuar
O que comecei um dia,
Voltar de novo ao passado
Nos versos desta poesia.

Com meus versos tão singelos
Feitos com simplicidade,
Vamos hoje recordar
Para matar saudade,
De parentes e amigos
Que viveram nesta cidade.

Nas tardes silenciosas
De Irupi tão pequenino,
O silêncio era quebrado
Por um acorde divino.
É que às seis horas da tarde,
Senhor Amâncio tocava o sino.

O velho sino de bronze
Que estou me lembrando agora,
Ao domingos de manhã
Senhor Amâncio sem demora
O tocava anunciando
A missa das nove horas.

Deste mesmo velho sino
Fosse de noite ou de dia,
Se ouvia as badaladas
Cheias de melancolia,
Anunciando tristemente
Quando alguém aqui morria.

Do Senhor José Bernardo,
Eu tenho recordação.
Para irmos a Iúna
Só tinha uma condução,
Era seu ônibus amarelo
Que se chamava mamão.

O boi do Senhor Gumercindo,
Também era amarelinho.
Pelas ruas de Irupi
Andava devagarzinho.
Seu nome era Peitudo,
Pois puxava carro sozinho.

Se alguém aqui precisava
De um burro bravo amansar,
Chamavam o Cabecinha,
Morador deste lugar.
E lá ia nosso herói,
Aquele burro montar.

Me lembro do Cabecinha,
Minha memória não falha.
Amansava burro bravo,
Não perdia uma batalha.
Era um cowboy sem chapéu,
Foi um herói sem medalha.

Não tinha bota e nem espora,
Não tinha blusa de couro.
Só bebia uma cachaça
Para agüentar o desaforo.
Se fosse nos dias de hoje,
Seria medalha de ouro.

Me lembro de um alfaiate
De estatura pequena,
Que tocava violão
Nas madrugadas serenas.
Era o anãozinho Moisés
Filho de Dona Rosena.

O Renive Doutor
Quando bebia cachaça,
Se fazia de político
E todo mundo achava graça
Das coisas que ele dizia
Em seus discursos na praça.

Gritava: É Arena Pura!
E arena não tem perdão.
O partido do Manda Brasa
Não ganha nada aqui não!
Ladrão de ovo, de cabrito,
Vocês não ganham eleição.

Floriano era careca,
Fanático por bola.
Quando terminava o jogo
Dizia todo “gavola”:
Nós ganhamos a partida
E o gol foi do Sacola.

Sacola era seu filho,
Que se chamava Alcí.
Jogava como ninguém,
Isso eu nunca esqueci.
Fez muitas vezes vibrar
A torcida de Irupi.

Floriano não jogava,
Mas, não ficava parado.
Durante toda a partida,
Mesmo fora do gramado,
E, sem ser o bandeirinha,
Corria para todo lado.

Aqui tinha um caçador
Por nome de Dim Sangy.
Seus três cachorros de raça
Eu também não esqueci.
Era o cachorro Perigo,
O Bolinha e o Peri.

Hoje estou recordando
Amigos que aqui viveram.
Quem não gosta de lembrar
Os fatos que aconteceram?
Quem é que não tem saudades
Dos parentes que morreram?

Termino esta poesia,
Mas não paro por aqui.
Enquanto vida eu tiver,
Se o bom Deus permitir,
Vou continuar contando
Histórias de Irupi.


Livro: De Volta ao Passado
Autora: Cecília Fernandes Rodrigues
Irupi-ES

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